Queria o verão manso e praiado
de céu aberto e estrela cadente
queria o Outono de folha pisado
que empurra o mais indolente
Queria o Inverno frio e tiritado
de nuvem veloz e céu plangente
queria a Primavera de ar folgado
pedra redonda e vida nascente
Mas o Verão também desfaz amores
e o Outono tem verão de castanha acesa
o Inverno também se abre às flores
Quando a Primavera chora a tristeza...
Se pintasse todas as suas cores
a tela movia-se de tanta Natureza
Tenho algumas certezas que são falíveis, mas aquela que me angustia mais é saber que me sinto vivo hoje, percorrendo a velocidade da minha morte galopante que se aproxima do amanhã... O constrangimento desse percurso é medonho por não saber se cheguei a ser gente...
Entre o querer e o ser dúvidas se afogam
Pela onda que atropela as próprias lágrimas;
Irrita o sol secante dos que logram
Fingir nessa verdade as suas lástimas.
Entre o querer e o ser as diferenças moram
E a assunção nos aproxima das máquinas,
ainda longe porquanto saciáveis
Lentos nesse mundo de apaixonáveis.
Pressentimentos dispersos, que afogam a mentira nas nossas angustiantes verdades escondidas; aguardando ardentemente que alguém as saiba descobrir no nosso simples olhar.